sábado, 13 de maio de 2023

Você pode ser autista e não saber: saiba como identificar o autismo em adultos e o que fazer

    



    Há alguns meses, eu descobri que posso fazer parte do espectro autista de nível leve. Não foi uma total surpresa para mim, pois eu sempre me senti diferente das outras pessoas. Na infância, parecia ser uma questão de personalidade ou timidez.     As pessoas falavam que eu era tímida demais, eu não podia ser tão quieta. Era muito difícil fazer amigos, e quando os tinha, a amizade durava muito pouco. Logo era trocada por outra pessoa (mais legal, talvez?) sem explicação. Eu sofria muito nessa época, não por mim, mas pela cobrança das outras pessoas: eu tinha que ser de um jeito que não conseguia ser por mais que tentasse e isso me frustrava.         Na vida adulta as coisas melhoraram um pouco mas não mudaram. As pessoas pareciam esperar algo de mim que eu não sabia o que era, pareciam se frustrar e iam embora. Eu sabia que tinha algo de diferente em mim mas não conseguia encontrar uma razão ou explicação, mesmo consultando com psicólogos. 

    Comecei a suspeitar que poderia ser autista depois de assistir a um vídeo no Youtube que apareceu em minha timeline após eu pesquisar sobre DDA, por suspeita da minha psicóloga. A partir dai´uma nova porta de autoconhecimento se abriu. Me identifiquei com muitas das características descritas, como a dificuldade de entender as emoções dos outros, o interesse por assuntos específicos e a sensibilidade a sons e luzes. Fiquei curiosa e resolvi pesquisar mais. Conversei com minha psicóloga e a probabilidade é alta de estar no espectro, porém ainda não fui oficialmente diagnosticada.

    Isso já é um divisor de águas para mim. Por um lado, me trouxe alívio, pois me ajudou a entender melhor o meu funcionamento e a buscar apoio adequado. Por outro lado, também me gerou angústia, pois implicou em uma mudança de identidade e de perspectiva sobre o passado e o futuro.

    Eu percebi que muitas das dificuldades que eu tive na minha vida estavam relacionadas ao autismo, como os problemas de comunicação e socialização, a falta de empatia e de expressão dos sentimentos, a rigidez na rotina e nos hábitos, a baixa autoestima e a ansiedade. Eu também percebi que muitas das minhas qualidades também estavam ligadas ao autismo, como a honestidade, a lealdade, a criatividade, a atenção aos detalhes e a capacidade de aprendizado (na minha família sou considerada "a inteligente" porém estranha e metida, - aliás metida e mal educada são os meus principais predicados na vida adulta e eu nunca tinha entendido porquê ou em quais momentos acontecia. Agora eu sei que tem a ver com o espectro).

    Enfim, decidi escrever este post para compartilhar a minha experiência com outras pessoas que possam estar passando pelo mesmo processo. Eu sei que não é fácil receber um diagnóstico de autismo na idade adulta, mas eu também sei que isso pode ser uma oportunidade de autoconhecimento e de crescimento pessoal. É bom lembrar que o autismo não é uma doença, e sim uma forma diferente de ser e de ver o mundo.

    Neste texto, eu vou falar sobre o que é o autismo, como ele se manifesta em adultos, como fazer o diagnóstico e o tratamento, quais são os desafios e as vantagens de ser autista na vida adulta e como buscar mais informações e orientação sobre o assunto. Espero que este texto seja útil e esclarecedor para vocês. Vamos lá?

    O autismo é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento e a interação social de uma pessoa. Ele faz parte de um espectro, ou seja, pode se manifestar de formas diferentes e com intensidades variadas. Algumas pessoas com autismo têm dificuldades na comunicação verbal e não verbal, outras têm interesses restritos e repetitivos, e outras apresentam sensibilidade sensorial aumentada ou diminuída.

    O diagnóstico de autismo geralmente é feito na infância, mas nem sempre isso acontece. Muitas pessoas só descobrem que são autistas na idade adulta, seja por falta de informação, por terem sintomas mais leves ou por terem desenvolvido estratégias de adaptação ao longo da vida. Essas pessoas podem ter passado por situações de exclusão, incompreensão, frustração e sofrimento sem saber o motivo.

    Se você suspeita que pode fazer parte do espectro autista, existem algumas formas de buscar mais informações e orientação. Uma delas é fazer testes online que avaliam alguns aspectos do autismo, como o AQ (Autism Spectrum Quotient) ou o RAADS-R (Ritvo Autism and Asperger Diagnostic Scale-Revised). Esses testes não substituem o diagnóstico profissional, mas podem indicar se há uma probabilidade maior ou menor de você ser autista.

    Outra forma é procurar um psicólogo ou psiquiatra especializado em autismo para fazer uma avaliação mais detalhada. Esse profissional irá observar o seu comportamento, fazer perguntas sobre a sua história de vida e aplicar alguns instrumentos padronizados para identificar os sinais do transtorno. O diagnóstico é baseado em critérios clínicos definidos pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) ou pela CID-10 (Classificação Internacional de Doenças).




Alguns dos sintomas mais comuns de autismo em adultos não diagnosticados são:

- Pouco contato visual com outras pessoas;

- Dificuldade para expressar ideias e sentimentos, bem como para compreender a linguagem corporal, gestos e expressões faciais dos outros;

- Aborrecimento com mudanças na rotina ou no ambiente, podendo reagir com birras, choro ou agressividade;

- Comportamentos repetitivos, como abanar as mãos, estalar os dedos, balançar o corpo ou repetir palavras ou frases;

- Maior interesse em objetos do que em pessoas, podendo ter uma fixação por determinados assuntos ou brinquedos;

- Maior sensibilidade a sons, luzes, cheiros ou contato físico, podendo se sentir incomodados ou fascinados por esses estímulos;

- Não responder ao próprio nome ao ser chamado.

    O diagnóstico tardio de autismo em adultos pode trazer alívio, pois ajuda a entender melhor o próprio funcionamento e a buscar apoio adequado. Por outro lado, também pode gerar angústia, pois implica em uma mudança de identidade e de perspectiva sobre o passado e o futuro. Além disso, muitos adultos autistas enfrentam dificuldades para encontrar profissionais capacitados, serviços especializados e políticas públicas que atendam às suas necessidades.

    Segundo alguns estudos, estima-se que cerca de 1% da população mundial seja autista, o que significa que há milhões de adultos no espectro. No Brasil, ainda não há dados oficiais sobre o número de autistas no país, mas espera-se que o censo de 2020 inclua perguntas sobre essa condição.

    O reconhecimento e a valorização do autismo na vida adulta são fundamentais para garantir a qualidade de vida e a inclusão social das pessoas no espectro. Para isso, é preciso combater os estigmas e os preconceitos que cercam o tema, promover a conscientização e a informação sobre a diversidade do autismo e oferecer oportunidades de diagnóstico e tratamento adequados.




Referências:

Autismo em adultos: como lidar com o diagnóstico tardio | Drauzio Varella

Sintomas de autismo em adultos: Quais os desafios e como lidar? - Autismo em dia

 Transtorno do Espectro Autista na Idade Adulta - UFRGS

Autismo em adultos: níveis, como identificar e tratar - Minuto Saudável

Sintomas de autismo em adultos: Quais os desafios e como lidar?. https://www.autismoemdia.com.br/blog/sintomas-de-autismo-em-adultos-quais-os-desafios-e-como-lidar/.

8 sinais e sintomas de autismo (TEA) - Tua Saúde. https://www.tuasaude.com/sintomas-de-autismo/.

Autismo em adultos: níveis, como identificar e tratar - Minuto Saudável. https://minutosaudavel.com.br/autismo-em-adultos/.

Autismo em adultos: como o diagnóstico tardio faz diferença?. https://www.minhavida.com.br/materias/materia-20617.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Refletindo sobre a interdependência entre os seres humanos e a natureza no Dia Internacional da Mãe Terra

 



O Dia Internacional da Mãe Terra é celebrado anualmente no dia 22 de abril em todo o mundo. Esta data foi criada para chamar a atenção para a importância de proteger o nosso planeta e promover a sustentabilidade ambiental.

A Terra é a nossa casa e é responsabilidade de todos nós cuidar dela. Infelizmente, muitas vezes negligenciamos os impactos que nossas ações diárias têm sobre o meio ambiente e seus recursos naturais. O resultado é a degradação do planeta, mudanças climáticas, perda de biodiversidade e outras consequências negativas que afetam a vida em todas as suas formas.

O Dia Internacional da Mãe Terra nos lembra da importância de agir de forma responsável e consciente em relação ao meio ambiente. É um dia para refletir sobre nossas escolhas e hábitos, e como podemos torná-los mais sustentáveis. Podemos reduzir nossa pegada de carbono, conservar água e energia, escolher produtos mais ecológicos e apoiar ações que visam proteger o meio ambiente.

A celebração deste dia também nos lembra da necessidade de trabalhar juntos em prol da sustentabilidade ambiental. Governos, empresas, organizações não-governamentais e indivíduos devem se unir para implementar soluções sustentáveis que garantam a preservação do planeta para as futuras gerações.



O Dia Internacional da Mãe Terra foi criado em 2009 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de conscientizar sobre a importância da proteção ambiental e promover a sustentabilidade em todo o mundo. A data foi escolhida para coincidir com o Dia da Terra, que é celebrado nos Estados Unidos desde 1970, como uma forma de ampliar a conscientização sobre a necessidade de preservar o meio ambiente.

O contexto em torno da data é de grande preocupação com os impactos negativos que as atividades humanas têm causado no meio ambiente. As mudanças climáticas, a degradação dos ecossistemas e a perda de biodiversidade são alguns dos problemas ambientais mais urgentes que o mundo enfrenta atualmente. A poluição do ar, da água e do solo também são graves problemas que afetam a saúde humana e a qualidade de vida de muitas comunidades.

Além disso, as questões ambientais muitas vezes estão interligadas com problemas sociais e econômicos, como pobreza, desigualdade e exclusão social. Por isso, a promoção da sustentabilidade ambiental também envolve a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.

Nesse sentido, o Dia Internacional da Mãe Terra é uma oportunidade para refletir sobre nossas ações como indivíduos e sociedade, bem como para promover ações coletivas que visam a proteção e preservação do meio ambiente. É um momento para lembrar que somos todos responsáveis pelo cuidado da Terra e que juntos podemos fazer a diferença.

Mãe Terra é uma expressão que também pode ser interpretada de diferentes formas em diferentes culturas e tradições ao redor do mundo. Para muitos povos indígenas, a Mãe Terra representa uma entidade viva e sagrada, uma mãe que nos nutre, protege e sustenta a todos os seres vivos. Ela é vista como uma fonte de vida, energia e sabedoria.

Essa visão da Mãe Terra como uma entidade sagrada tem sido cada vez mais reconhecida em todo o mundo, como uma forma de promover a conscientização sobre a importância da preservação ambiental e da harmonia entre os seres humanos e a natureza. Esse reconhecimento é importante para o respeito à diversidade cultural e para a promoção da justiça ambiental, garantindo que as vozes e os conhecimentos das comunidades tradicionais sejam ouvidos e valorizados.

Além disso, a expressão Mãe Terra pode ser entendida como uma metáfora para destacar a nossa interdependência com a natureza e a necessidade de reconhecermos e valorizarmos os recursos naturais que sustentam nossas vidas. Ela nos lembra que somos todos parte de um mesmo sistema e que nossas ações têm impactos diretos na saúde e no bem-estar do planeta e de todas as formas de vida que nele habitam.


 

A expressão Mãe Terra também pode ser associada a uma variedade de entidades, simbolismos e práticas culturais que representam a conexão e a interdependência entre os seres humanos e a natureza. Algumas dessas representações incluem:

🌳Deusa Gaia: na mitologia grega, Gaia é a deusa primordial da Terra, que representa a fertilidade, a abundância e a energia vital do planeta. Ela é frequentemente retratada como uma mãe amorosa que nutre e protege todas as formas de vida.



🌲Pachamama: na cultura andina, Pachamama é a deusa da Terra e da fertilidade, que é venerada como uma mãe amorosa que sustenta a vida em todas as suas formas. A celebração da Pachamama é uma prática importante que honra a conexão entre os seres humanos e a natureza.




🌴Yin e Yang: na filosofia chinesa, Yin e Yang são símbolos que representam a dualidade da natureza, como a escuridão e a luz, a feminilidade e a masculinidade, o céu e a terra. Eles são frequentemente retratados como um círculo dividido em duas metades opostas, que se complementam e se equilibram.



🥀Medicina da floresta: em muitas culturas tradicionais, as florestas são vistas como um lugar sagrado, onde as plantas e os animais são vistos como entidades espirituais que têm o poder de curar e transformar as pessoas. A prática da medicina da floresta envolve o uso de plantas medicinais e rituais sagrados para curar a mente, o corpo e o espírito.



Esses e outros signos e simbolismos representam a diversidade e a riqueza das diferentes culturas e tradições ao redor do mundo, e nos convidam a uma maior conscientização sobre a importância da preservação ambiental e da promoção da justiça e da equidade entre os seres humanos e a natureza.


 


O Dia Internacional da Mãe Terra é uma oportunidade para aumentar a conscientização sobre a importância da proteção do meio ambiente e incentivar ações que contribuam para um futuro mais sustentável. Cada um de nós tem um papel a desempenhar nesta luta pela preservação do planeta, e é essencial que todos nós trabalhemos juntos para alcançar esse objetivo.

 



Você pode ser autista e não saber: saiba como identificar o autismo em adultos e o que fazer

          Há alguns meses, eu descobri que posso fazer parte do espectro autista de nível leve. Não foi uma total surpresa para mim, pois eu...